segunda-feira, 26 de junho de 2017

PORTUGAL ARDE E PERDE OS SEUS BARCOS DE FUNDO

No centro do país, em Pedrogão Grande, aparentemente a partir de uma trovoada seca e de um raio fulminante, desfez-se uma  grande árvore. É certo que  ninguém estava lá para ver e gritar os primeiros alarmes. Mas tudo se viu após o desenrolar da catástrofe, um incêndio de chamas altíssimas e cavalgantes, mordendo brutalmente os "mastros" de milhares de eucaliptos e pinheiros bravos. As aldeias por ali ficaram em perigo. As comunicações perderam-se ou nem chegaram a acontecer na devida conta de urgência. Todas as forças que se dirigiam para aquela zona não cortaram uma das estradas principais. Aviões canadair foram enviados num pedido de socorro do governo português, vindos da França, da Itália, da Espanha. Na estrada aberta por esquecimento e aflição entravam carros fugindo e pouco depois percebiam (os condutores) que estavam diante de um alto cenário opacificante jamais visto por todos aqueles desgraçados, cada vez mais desorientados, sem ver, batendo uns nos outros, morrendo de sufocação e, pouco depois cremados nos carros em chamas. Tudo foi um horror, uma tragédia, e toda a gente que seguia tal desastre já desatava os mesmos preceitos contra as autoridades e proprietários, as manchas absurdas de eucalipto e pinheiro, a falta de espaços intercalares e limpeza da caruma, bem como os gananciosos que levavam o "zelo" a plantar eucaliptos rentinho à berma da estrada e não a dez metros, como manda a lei. Todos os anos é assim, todos os anos a baralhada de meios e contradições na Assembleia da República responsabilzam uma gente esquisita, pirómanos psicopatas e políticos e corrruptos. Mas no ano seguinte verifica-se que não se fez nada  e a bela paisagem que temos vai sendo abandonada a leste, com poucas aldeias e muito poucos habitantes, já incapazes de produzirem o suficiente para a sua inacreditável solidão.



O governo deveria descentralizar centenas de  actividades, construir no interior, abrir espaço em concordâncias de todos os tipos, bem vigiadas, bem geridas, bem pagas. Não se trata de fazer mais turismo por lá, com hotéis e hotéis  rasos e lagoas para nada. Precisamos de inventar o OUTRO LADO do país, replantar na devida ordem científica o que preguiçosamente não existe por ordem tola do dinheiro, bancos atirando acções à rua. Cada vez mais se espera mais que se deixem de corridas à boca do fogo, talhando comissões políticas já-já, partidarizá-las, tudo num grande desarrumo, entre demandas e vozes sobrepostas, impossíveis de puxarem grande desarrumo, entre demandas e vozes sobrepostas, impossíveis de puxarem o pensar e o sentido plausível para uma ordem da paisagem e do design que saiba como as estradas se fazem em nome de um futuro para mais gente, menos imigrantes falsificados e sobretudo a inovação no espaço agrícola, moderna e limpa.
A Europa? Mas a Europa foi antes, está em mutação, aceita como boa a Globalização e os seus pontos de ordem, entraves, querelas, povos sequestrados. 
Se me lembro dos barcos? Desde as caravelas às viagens  de achamento de terras, idas e vindas, cargas e descargas. E também vi, na primeira década depois do 25 de abril de 74, grandes máquinas serrarem navios cargueiros. Não sei se os negociavam, enferrujados, ou como tratam hoje milhões de toneladas de ferro enferrujado e de madeira queimada. Havia um  homem na minha terra que dizia destas coisas: "javardices".

Rocha de Sousa (em apuros)

Sem comentários:

Enviar um comentário